Por muito tempo, vários locais reuniam pessoas de várias idades em busca de diversão como forma de se desvencilhar, ao menos durante alguns minutos, dos problemas do cotidiano. Neste caso, o assunto não são os Shoppings Centers, mas os Clubes Sociais com seus almoços, bailes, atividades esportivas e apresentações musicais, que entretiam a sociedade, apoiados nas mensalidades e da adesão dos bairros do entorno. A pandemia afastou muitos dos sócios que resistiam e obrigou os clubes a procurarem alternativas para enfrentar a crise.
O Presidente do Sindicato dos Clubes Sociais e Recreativos do RS (Sindiclubes-RS), Nelson Heck, lembra que grande parte destes clubes são sinônimos de tradição em muitas cidades, muitos deles centenários, até. Mas, como o tempo, encontraram fortes concorrentes. "Até os anos de 1990, ia tudo bem, mas ai apareceram as boates e os postos de gasolina, onde muito jovens poderiam fazer o que não era permitido nos clubes. Criou-se, então, uma lacuna entre as faixas etárias dentro das agremiações. "Muitas pessoas acabam frequentando até os 15 anos e, depois, só voltam com 30 anos, já casados", observa. Também Vice-Presidente do Grêmio Náutico União, Heck viu os impactos do coronavirus praticamente expulsarem o que restava de sócios, fato percebido pelos clubes em todo o Estado. "As entidades já vinham de arrasto antes da pandemia. No Gaúcho a coisa não está fácil. Perdemos 40% dos sócios. Mas, soube de clubes que perderam 60% ou mais", revela. Apesar dos problemas, o clube localizado na Avenida Praia de Belas, na Capital, se voltou à verdadeira razão de sua existência. "Quando tem uma crise, a primeira coisa que cortam é o lazer. Mas, estamos fazendo um trabalho de recuperação. O sócio que quiser pode nadar sozinho, sem professor. Nas academias, mesmo com professor, o sócio não precisa pagar", frisa Heck, que vê os clubes mais seguros da Covid-19 do que parques e ônibus.
Com 106 anos de existência, a Sociedade Gondoleiros de Porto Alegre, não teve a mesma sorte. Está fechada desde março de 2020, quando a pandemia estourou. Diretoria e funcionários se mantiveram ativos e chegaram a arrecadar cestas básicas por dez meses para músicos e técnicos que ficaram sem trabalho por causa da pandemia. Mas até as doações diminuiram. O Presidente do clube, Antônio Almeida, o "Toninho" lamenta a situação. Sem sócios pagantes, o Gondoleiros fechou as portas no Bairro São Geraldo, mas o otimismo não abandonou a diretoria. "Tenho muita raça e penso em projetos para levantar o clube. Sou nascido e criado aqui. Não quero parar", garante Toninho.
O Lindóia Tênis Clubes, no bairro do mesmo nome, notou a diminuição de sócios desde o início da pandemia. Caiu de 2.300 para 1.400 pagantes e atuantes. Mas, segundo o administrador, Pedro Rogério de Carvalho, o clube está funcionando a pleno. "Estamos negociando com o sócio. Se ele perdeu 30% da renda, por exemplo, ai paga menos, o equivalente", explica. Ele lembra que muitas pessoas utilizam os clubes justamente para recarregar as energias perdidas, com tantos problemas vividos de um ano para cá. "É a fidelidade do sócio que nos mantém", afirma Carvalho. (Por Christian Bueller - Jornal Correio do Povo)
Edição: Blog O Braço de Ouro
Fonte: Jornal Correio do Povo edição de 03/05/2021
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