Vão achar que é maluquice minha, mas o "nove" no Bolão é superestimado. Ouve-se em todo o canto, dentro e fora das quadras, que não há nada mais precioso no Bolão que um "nove". Momento de dar inveja aos adversários. Só que pode não ser bem assim.
Eu, particularmente, valorizo muito mais quele momento que "antecede" o "nove", como por exemplo, as bolas que a qualquer instante ameaçam nossos nervos, que acabam com nossas unhas e desarrumam os cabelos. Criam um lapso temporal em que tudo fica entre a angústia e a convicção: tem que dar um "nove". O consequente "uuuh" é audível em qualquer lugar e faz levantar até o mais distraído para ver o que está acontecendo nas canchas.
O "nove" sempre que sai, é aquele milagre. É o objetivo da coisa toda, Contudo, para mim, o "nove" é mais expectativa do que prazer. Às vezes, não tem "nove", nem "oito", nem nada. Outras vezes, o "nove" sai sem avisar, o que acaba sendo uma surpresa boa. Aliás, tem sido meio comum o "nove" sair sem avisar, momento que a gente recebe meio estarrecido, com susto e festança.
O "nove" mais perfeito no Bolão é aquele que saiu chorado, de pino caindo um sobre o outro, ou balançando e caindo no limite de tempo. Melhora mais ainda se o momento for prolongado, parecendo interminável, até que alguém finalmente termine o suplício e desengasgue toda a gente. E também serve ao vingativo, porque o time adversário vai se desesperando ao perceber que o arremesso estará sendo consumado por um místico e intrincado "nove". Mas também há casos em que o "pré-nove" não termina em "nove". Teimoso, não quis sair por vaidade ou sabe-se lá o motivo.
Pelo sim, pelo não, sempre vale a reverência ao "nove". Que ele apareça sempre. Se não sair, paciência, os nervos, as unhas e os cabelos agradecem.
Edição e Redação: Blog O Braço de Ouro
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