CRÔNICA DO BOLÃO - POR QUE MUDAR É PRECISO?

Há algum tempo, um rico comerciante começou a perceber que seu negócio não era mais o mesmo. O número de frequentadores vinha diminuindo, ano após ano, e os que ainda se mantinham fieis, ou eram antigos clientes, ou não tinham outra opção. Assim, ele resolveu contratar um consultor para ajudá-lo a recuperar o seu velho negócio. O consultor, depois de realizar uma breve inspeção e conversar com os poucos funcionários que ainda continuavam registrados, apresentou o seu diagnóstico. Ao tirar de sua pasta três figuras geométricas (círculo, retângulo e um quadrado), ele lhe fez a seguinte pergunta: qual das três figuras era a mais perfeita? O comerciante respondeu de pronto que, certamente, seria o círculo. Com tranquilidade, próprias do ofício, o Consultor, então, lhe perguntou, por que ele achava isso? E o comerciante respondeu: porque o círculo representa uma linha contínua! Ora, uma boa resposta, disse o Consultor!
Na verdade, senhor comerciante, as três figuras geométricas são igualmente perfeitas. Todas representam linhas contínuas, mas de maneiras diferentes. Assim, são os negócios, as nossas vidas, o nosso mundo. Invariavelmente, a nossa forma de interpretação e entendimento das coisas que nos cercam, não está errada, mas a maneira como as "linhas" se distribuem em nosso cotidiano e as constantes variações de suas manifestações fazem com que tenhamos que nos adequar às mudanças que elas nos impõem para poder sobreviver.
O seu negócio, diz o Consultor, parou no tempo. Por exemplo: os novos desenvolvimentos tecnológicos, tão cultuados não só pelos jovens, mas já por todas as idades, não encontram guarida neste espaço. Não há dispositivos suficientemente disponíveis e modernos que lhes permitam utilizá-los livremente neste ambiente. Além disso, a infraestrutura é ultrapassada e escassa, onde até mesmo o básico, como banheiros, bancadas, e a própria limpeza, deixam muito a desejar. Faça com que este ambiente contemple as mesmas "facilidades e recursos" que todos encontram em suas casas.
Outro importante fator de seu insucesso são seus velhos paradigmas, afirmou o Consultor! Não há necessidade de enumerá-los, pois estão evidentes em suas atitudes, no seu comportamento e na prestação de seus serviços. O dia a dia de seu empreendimento é o mesmo de décadas passadas. Até as músicas que escutamos fazem parte do passado. Não que isto seja ruim, mas nos remete ao fato que refletem apenas o seu gosto pessoal. O seu negócio, hoje, é uma extensão da sua identidade e não significa que seja também agradável aos seus clientes. Para melhorar, há que primeiro se reinventar! Busque novidades, estude, frequente negócios de referência e de sucesso, copie o que os outros fazem de melhor, inove, seja excelente. 
O comerciante, então, resolveu testá-lo com a clássica colocação: mas isso custará muito caro! Sem perder a serenidade, o Consultor complementou: onerosas são as nossas desculpas, as nossas velhas convicções, a nossa falta de percepção das novas realidades e das mudanças. Em geral, acostumamo-nos a nos orientar sentados em nossas cadeiras e cercados pelos nossos princípios e valores. Há que tirar o "traseiro" da cadeira ir para a rua e por-se a "escutar a grama crescer". A busca pela excelência não deve ser um ônus, mas um fim a ser alcançado. Ou nos adaptamos às novas realidades ou, simplesmente, sucumbimos.

Este texto adaptado foi apresentado por um aluno como solução à um Estudo de Caso Acadêmico, há 20 anos atrás. Nos parece muito atual e qualquer semelhança com a realidade vivida pelo esporte do Bolão é mera coincidência. Será mesmo? Mudanças podem significar um salto no escuro, ou em última análise, perda de certezas, mas, são inevitáveis! Pensem nisso!

Por José Carlos Werle - Editor e Redator do Blog O Braço de Ouro