CRÔNICA DO BOLÃO - HÁ ESPORTE SEM POLÍTICA?

Há esporte sem a política? Nestes últimos meses, em meio as mais agitadas e tumultuadas  campanhas eleitorais dos últimos tempos, temos visto várias manifestações de bolonistas nas redes sociais declarando abertamente suas preferências aos postulantes dos principais cargos políticos da nação. Alguns, até, desempenharam um papel ainda mais relevante neste aspecto, ao atuarem ativamente como cabos eleitorais de seus candidatos. Em consequência seguiram-se, também, muitos protestos, irreverências, piadas e muitos bate-bocas. 
Ao avaliar este tema, nos perguntamos: será que é correto misturar o esporte com protestos e manifestações políticas de forma geral? Utilizar o esporte para discutir e defender escolhas ideológicas? A história diz que sim! Várias vezes os acontecimentos dentro do esporte, ou de uma competição, mudaram o mundo. Quem não lembra do Hino da Copa do Mundo de 1970, "Noventa Milhões em Ação"? Na clássica letra: "... de repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu mão! Todos ligados na mesma emoção, tudo é um só coração..." A letra reflete heroísmo, suor, lágrimas e muitas emoções, além de política, é claro! Quem não lembra da "Democracia Corintiana", movimento que tinha o jogador Sócrates como um de seus principais líderes e que tentava dar mais consciência de classe aos jogadores e procurava, entre outras coisas, acabar com as concentrações. No Chile, a ditadura de Augusto Pinochet transformou o Estádio Nacional de Santiago, em um campo de concentração, onde a União Soviética recusou-se a a disputar uma partida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, em 1973, dizendo que era um "local banhado de sangue". 
Na verdade, tudo na vida tem algo da política! As roupas que você veste, os tênis sujos que você insiste em utilizar, as escolhas de novas amizades, entre outras várias atividades do seu dia a dia. O esporte, obviamente, não foge à regra.
O esporte pode mudar o mundo. Por vezes, ele pode plantar só uma semente. Em outras, o esporte faz com as pessoas se conscientizem de coisas e sentimentos que elas nem sabiam que tinham. Às vezes, mostra-se como um símbolo de resistência. O fato é que o esporte acaba por se misturar às nossas realidades, crenças e sonhos. Ele está intrinsecamente ligado a cada detalhe deste mundo em que vivemos e que, inevitavelmente, acaba se cruzando com a política. (Baseado na Crônica "Não Há Esporte Sem Política", de Carlos Massari)

Por José Carlos Werle - Blog O Braço de Ouro